quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Para ti, oh Silêncio.

Não tenho mais palavras.
Gastei-as a negar-te...
(Só a negar eu pude combater
O terror de te ver
Em toda a parte).

Fosse qual fosse o chão da caminhada,
Era certa a meu lado
A divina presença impertinente
Do teu vulto calado e paciente...

(...)

Mas o tempo moeu na sua mó
O joio amargo do que te dizia...
Agora somos dois obstinados,
Mudos e malogrados,
Que apenas vão a par na teimosia.

Desfecho, do grande poeta transmontano, Miguel Torga


Cala-te, silêncio, a tua voz perturba-me.





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