segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Por amor de Deus!

Há ja algum tempo que isto me tem vindo a irritar!
Muito se tem ouvido falar ultimamente da adaptação de Alice's Adventures in Wonderland, de Lewis Carroll, pelas mãos do grande Tim Burton. Certíssimo. Ora estava eu a ler calmamente uma review do dito filme que encontrei numa revista quando me deparo com qualquer coisa como isto: '...adaptação da obra de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas, sem nunca esquecer as flores falantes, a Rainha Branca, as referências ao xadrez, ...'

OUÇAM LÁ! ESSAS PERSONAGENS NÃO SÃO DO LIVRO ALICE'S ADVENTURES IN WONDERLAND, MAS SIM DA SUA SEQUELA, UM SEGUNDO LIVRO DE CARROLL, QUE DÁ CONTINUAÇÃO ÀS AVENTURAS DE ALICE, INTITULADO THROUGH THE LOOKING GLASS AND WHAT ALICE FOUND THERE!

É que, deixem-me só salientar, SÃO DOIS LIVROS DIFERENTES.

Numa tentativa de relembrar algumas diferenças, e tal como qualquer bom fã destas aventuras saberá, Alice's Adventures in Wonderland tem início numa solarenga tarde de Primavera, mais propriamente dia 4 de Maio, enquanto Through the Looking Glass inicia-se numa noite de Inverno, fria e com neve, a 4 de Novembro. Enquanto a primeira aventura se inicia quando Alice desperta uma certa curiosidade em relação a um coelho branco, correndo atrás dele e caíndo na sua aparente toca, entrando assim num mundo novo, a segunda aventura inicia-se quando, ao brincar com os seus dois gatos na sua sala, Alice descobre atrás da lareira um espelho que consegue atravessar e quando se encontra na mesma posição, mas do outro lado do espelho, Alice descobre um livro de poesia, chamado Jabberwocky, cujos poemas só podem ser lidos quando reflectidos no espelho. Descobre também que as figuras de xadrez ganham vida e conversam com ela. Ao sair de casa, Alice encontra a Red Queen que lhe diz que todo o solo está desenhado tal e qual como um tabuleiro de xadrez e promete coroar Alice como rainha se ela conseguir jogar nesse terreno e, no fim, ganhar. É a partir daqui que Alice se encontra com o jardim das flores falantes, com as respectivas peças de xadrez, com a White Queen, o White King, com o Teedledum e o Tweedledee, com o Humpty Dumpty, com o Lion e o Unicorn e com o White Knight (grande poeta que acaba por cair do seu cavalo). A história termina quando, ao chegar ao fim do tabuleiro, Alice consegue pôr o Red King em checkmate, ganhando assim o jogo, mas imediatamente acordando na sua cadeira, novamente na sua sala, com os seus gatos na mão, supondo assim que tudo não passou de um sonho.

O que suponho que Tim Burton fez foi juntar, num só filme sobre as aventuras de Alice, várias das famosas personagens dos dois livros, e contra isso nada. Aliás, quero muito ver o filme! Agora, por favor, vamos lá começar a chamar as coisas pelos nomes, porque até dói quando uma pessoa lê uma coisas destas numa crítica a um filme.

Alice's Adventures in Wonderland e Through the Looking Glass and What Alice Found There foram as dois primeiros livros que li em Inglês. Já perdi, há muito tempo, a conta ao número infindável de vezes que li a edição para principiantes, a advanced edition, a edição ilustrada e é daqueles livros que eu tenho de ter por perto, no matter what, porque NUNCA me vou cansar deles. Foi graças, aliás, ao Humpty Dumpty (e à arbitrariedade do signo linguístico) que eu fiz um trabalho para uma cadeira da faculdade; foi por causa do Throught the Looking Glass que eu me apaixonei pelo xadrez quando era pequena; tenho todos os dvd's dos desenhos animados da Alice que passaram na tv na minha infância; e claro, foi com a Alice (e, mais tarde, com o Harry) que nasceu a minha paixão incondicional pela língua inglesa e pelo UK.

Por amor de Deus, não interfiram com a Alice, é blasfémia para mim.  

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Hoje.

Não é o dia de hoje, é o de amanhã.

Ponto alto da semana.

A minha mami é das pessoas mais fantásticas de todo o universo.

Mas isso toda a gente que a conhece sabe. [E sim, bem sei que todos nós dizemos isso das nossas mães e com toda a razão!] por isso eu digo o mesmo da minha. E é das pessoas mais jovens que conheço [com as suas 50 primaveras]! Rouba-me a maquilhagem, os anéis, os fios, os lenços, algumas camisolas, vai sempre procurar pastilhas elásticas à minha carteira e faz-me estar na fila de espera para escolher o verniz com o qual quero pintar as unhas! Faz-me querer ter saias como as dela, faz-me querer tratar do cabelo todas as semanas como ela, faz-me querer ser como ela em todos os apectos. E que pessoa tão melhor que eu seria se assim fosse. Toda a gente diz que somos duas irmãs e não mãe e filha e até o mesmo perfume usamos! Falo english com ela e ela responde-me, falo español com e ela responde-me e ainda me dá na cabeça em français. Isto entre MUITAS outras coisas! A minha mãezinha é uma super mãe e é a melhor pessoa que conheço. E qual é a última novidade da minha mami?

A minha mãe canta The Killers.
Sim, é isso mesmo que leram, dei com a minha mãe na cozinha a cantar a Human dos The Killers.

Pronto, é só a minha mãe a surpreender mais uma vez. :)

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Para ti, oh Silêncio.

Não tenho mais palavras.
Gastei-as a negar-te...
(Só a negar eu pude combater
O terror de te ver
Em toda a parte).

Fosse qual fosse o chão da caminhada,
Era certa a meu lado
A divina presença impertinente
Do teu vulto calado e paciente...

(...)

Mas o tempo moeu na sua mó
O joio amargo do que te dizia...
Agora somos dois obstinados,
Mudos e malogrados,
Que apenas vão a par na teimosia.

Desfecho, do grande poeta transmontano, Miguel Torga


Cala-te, silêncio, a tua voz perturba-me.