quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Who do I have to be now?

Acabei de ver o Rachel Getting Married e só uma frase me ficou na cabeça. Who do I have to be now?

Quem é que eu tenho de ser neste preciso momento? Aqui e agora sou eu. Eu. Mas é só aqui, porque fora da minha porta não sou, já fui. Porque só aqui e agora no meu mundo é que eu tenho dúvidas de quem sou, lá fora sei exactamente quem tenho de ser: a pessoa que todos os dias sai, bate a porta e vai para as aulas; a pessoa que encontra outras pessoas na rua; a pessoa que anda pela faculdade; a pessoa que anda atolhada em trabalho e coisas para fazer; a pessoa que está [muito pouco tempo] com as amigas; a pessoa que fala ao telefone; a pessoa que todos os dias tem de assumir um papel diferente; a pessoa que ao fim do dia chega a casa, bate a porta e não há ninguém ali; a pessoa que tem saudades da família que está longe; a pessoa que tem saudades da sua casa e do cheiro dela; a pessoa que tem saudades da sua cama, da sua almofada, do seu quarto; a pessoa que tem saudades do seu Motorola V3x e de tudo o que isso implicava; a pessoa que tem saudades de estar em casa com frio e acender a lareira; a pessoa que desata a chorar quando ouve a voz da mãe ao telefone; a pessoa que tem saudades [period]. Saudades. Mas e quando a minha pessoa está sozinha, quem é? E quando ela tem 3 segundos para pensar em si, quem é? Eu já soube, mas já não sei. E quando volto para casa ao fim de semana e abro a porta da cozinha e a minha mami vem a correr a abrir os seus bracinhos de mãe para mim, eu não sei quem é a pessoa que ela abraça. Decerto ela saberá, porque as mães tudo sabem, mas eu não sei, porque sai de casa há 4 anos atrás e nunca mais voltei. Eu nunca mais voltei. Mudei. Mudaram-me. Dou tanto de mim durante o dia, sou tantas pessoas durante o dia que quando tenho de ser realmente eu, não sei quem sou. E já nem conheço os meus próprios gestos. E faço de tudo para não estar sozinha para não ter 3 segundos para pensar em quem fui e em quem realmente me tornei. Em vão. I tried, I tried. I failed, I failed. E é isto que tenho sido estes dias, a imagem do medo de saber quem realmente sou e a sombra de quem um dia eu fui.

É muito triste viver-se sozinho.

É muito triste.

1 comentário:

Cathy Oh disse...

Mas tu não vives sozinha, minha pessoa de torradas com compal de pêssego! :P

Nao vou diminuir o verbo viver ao sentido de viver numa casa sozinha, mas sim à vida. Porque a vida vive-se e tal como eu me vou vivendo, com algumas parvoíces, tu também te vais vivendo com todas as pessoas q estejam à tua volta. E eu estarei sempre à tua volta.

Por isso tu não vives sozinha, vives connosco. e um dia vamos viver under the same roof.<3